sábado, 9 de maio de 2009

Preservação da Saúde - 皇帝内经 (huangdi nei jing), Capítulo I
Por Karine Calligaris
Parte I No primeiro capítulo (《上古天真论》- shang gu tian zhen lun) em chinês, lê-se:“在皇帝,生而神灵, 弱而能言” (zai huangdi sheng er shenling, ruo er neng yan). Esta pequena passagem diz o seguinte (tradução livre): Há muito tempo atrás existiu um imperador sobre quem diziam “logo depois do nascimento já era muito inteligente e perspicaz; mesmo frágil como são os recém nascidos, já sabia falar como um adulto; mesmo tão jovem, teria crescido rapidamente e antes de ter idade suficiente para compreender as regras e rituais solenes da sociedade, já sabia como respeitar a si e aos outros com devida sabedoria”. Todas estas qualidades só comprovavam que este imperador havia atingido o que, na cultura chinesa, chamam de天癸- tiangui (tian- céu; gui-norte, água(1)), o posto mais elevado no céu, ou no “grande universo”. Na cultura chinesa os tronos dos imperadores (em seus palácios) estavam sempre localizados na posição norte e sempre voltados a sul, de onde ao longo do dia podiam acompanhar a passagem do sol pelo equador , sendo estes considerados o local mais elevado ou respeitado do palácio. Certa vez, o imperador perguntou ao seu mestre celestial: “余闻上古之人,春秋节皆度百岁,而动作不衰;今时之人,年半而动作皆衰者,时世异耶,人将失之耶” (yu wen shang gu zhi ren, chunqiu jie jie du bai sui, er dongzuo bu shuai; jin shi zhi ren, nian ban er dongzuo jie shuai zhe, shi shi yi ye, ren jiang shi zhi ye)" Ouvi dizer que no passado as pessoas viviam muitos anos e mesmo quando atingiam 100 anos tinham uma saúde juvenil. Entretanto, as pessoas de hoje chegam aos 50 anos já envelhecidas. A que se deve esta grande diferença? Terá sido uma mudança ambiental? Ou foram as pessoas que perderam a qualidade saudável natural da sua estrutura física?" E aqui começa a longa conversa que fornece a estrutura teórica básica para as teorias sobre cultivo e preservação da saúde do livro de “Medicina Interna do Imperado Amarelo”...continua. (1) Outro sentido mais diretamente relacionado com a medicina chinesa da palavra Tiangui, é quando esta assume o significado de "água", seria: essência celestial mais elevada responsável pelo desenvolvimento dos órgãos sexuais masculino e feminino e pela manutenção de suas funções reprodutivas. Esta essência deriva da essência dos rins e o que nas mulheres, pode ser chamada de "menstruação" (tradução oficial da WHO em: WHO International Standard Terminologies on Tradicional Medicine in the Western Pacific Region)
A teoria da Preservação da Saúde no “neijing”《内经》 O livro de Medicina Interna
Por Karine Calligaris
O livro de medicina interna do Imperador Amarelo(《黄帝内经》- Huang di nei jing) é considerado um dos livros mais antigos sobre medicina chinesa de que se tem conhecimento nos dias de hoje. Este livro foi descoberto à mais ou menos 2000 anos atrás e desde então tem sido usado como base para os estudos de Medicina Tradicional Chinesa. É tido como pilar orientador dos médicos chineses na suas práticas clínicas e como fonte clássica principal no que diz respeito a práticas de preservação da saúde, prolongamento da vida e compreensão dos fatores que levam ao envelhecimento e morte. Este clássico é parte importante da medicina assim como também de toda a cultura tradicional chinesa. Seu principal legado para a humanidade quanto à compreensão da medicina tradicional chinesa é ter sido considerado o marco separador mais evidente entre o que podemos realmente considerar como a medicina tradicional e a medicina mística, ou dos médicos curandeiros. O clássico “Huang Di nei jing” foi, portanto, o impulsionador e criador de uma via independente, que viria a viabilizar a unilateralidade das teorias posteriormente consideradas como a base teórica da Medicina Tradicional Chinesa, eternalizadas por orientar até hoje os médicos chineses, separando a mesma das teorias místicas e esotéricas praticadas pelo curandeiros, muitas vezes confundidos com médicos tradicionais devido às semelhanças nas formas de tratamento e práticas realizadas. Este livro discute com sabedoria profunda muitos temas ligados à Medicina Chinesa, e dentre eles analisa detalhadamente as teorias de preservação da saúde, estabelecendo os conceitos básicos de jing (精), qi (气), yin e yang (阴阳), cinco elementos(五行) e mais importante, discute o Conceito Holístico (整体观- zhenti guan), conceito este que fundamenta a Teoria Básica da Medicina Tradicional Chinesa em todos os seus aspectos. “Huang di nei jing” afirma que o céu, a terra e o homem formam um todo interligado e inseparável (天人合一, tian - céu, ren - homem, he yi - todo unificado), sendo ‘o céu’ ao qual se refere também chamado de “grande universo”. Este “grande universo” abrange uma cópia em miniatura de si mesmo que coexiste em seu interior, também chamada de “pequeno universo”, no caso, o homem. O dois, grande e pequeno universos, coexistem influenciando-se mútua e harmoniosamente e estando, desta forma, condicionados as mesmas leis naturais. A natureza: o vento, a chuva, a secura, o frio, calor, influencia não só o céu e a terra, como costumamos aprender, mas também o homem. Céu, terra e homem coexistem e estão sujeitos as mesmas leis do universo. Este é o Conceito Holístico da Medicina Tradicional, e este conceito fundamenta as outras teorias clássicas, como as Teorias do Yin e Yang e dos Cinco Elementos. Todas estas teorias são os pilares básicos para o que vamos discutir agora, que é a Teoria da Preservação da saúde do “Huang di nei jing”, desenvolvidas principalmente nos 3 primeiros capítulos deste clássico.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

As Origens da Acupunctura

As Origens da Acupunctura Raízes culturais e novas perspectivas. Uma Análise Sintética da História e Cultura Chinesas Por: Ricardo Valério. Conforme a teoria padrão, a acupunctura surgiu no período neolítico na China (8.000-3.500 A.C.), desenvolvendo-se gradualmente através de processos experimentais de teste e erro. No entanto, de acordo com recentes descobertas arqueológicas e o avanço na pesquisa documental clássica, surgem outras ideias que contrapõe a acupunctura como uma técnica não puramente empírica, mas como uma descoberta excepcional com uma base teórica e prática que apareceu não muito antes do aparecimento de Cristo (Dinastia Han Ocidental 206 A.C.-24 A.D.).